domingo, 6 de setembro de 2009

Passa Boi Passa Boiada na Moenda de Cana de Açucar

 
 
Passa Boi Passa Boiada na Moenda de Cana de Açucar
(Anderson Farias)
 
Te chamei para dar um passeio
E te passei
Cortando em pedaços dilacerei
E te joguei numa moenda
Moenda de cana de açucar
Para lhe refazer
Te reconstruir de uma forma mais doce
Misturei-te com barro de forma dinâmica
Te compuz como vaso de cerâmica
Te pintei com tinta orgânica
E lhe pus a secar
Longe do vento que vinha do mar
Quando secaste já era manhã
Aproveitei pra plantar em ti
Um lindo pé de maçã
Tempo bruto sofrimento pela espera
Do primeiro fruto
 
Meu fruto
Minha comida
Deslizava dentro de mim
Lubrificada com saliva
Deixando as sementes estacionadas
Antes de chegar a tuba uterina
A semente da maçã moldava meu destino
Crescia um pé de maçã no meu intestino
Que crescia
Sufocava
Dilacerava minha carne interna
Em velocidade voraz
Esperneio ao me ver partir ao meio
Minha salvação não virá pelo correio
Minha lágrima de orvalho
Crescia e me rasgava
Cada ramo cada galho
 
Hoje sou carne morta
Hoje sou pé de maçã
Você moldada como vaso ao meu lado
E eu não posso tocar-te
Hoje é um dia tedioso
Sou peixe fora dagua
Sou planta fora do vaso

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial